Black Friday: Mesmo na crise, por que amamos tanto essa data?
Consumer Behavior | 25 11 2021

Já estamos quase no fim de novembro e só se fala de uma única coisa: a Black Friday e os seus descontos de encher os olhos. Assim como no ano passado, a data vem cercada de dúvidas e medos decorrentes da crise econômica e de uma possível queda na procura por ofertas. Afinal, o Brasil tem a 4ª maior taxa de desemprego do mundo e a inflação no país não demonstra indícios de baixar nem tão cedo.
No entanto, na contramão do que se esperava, os números indicam um quadro relativamente otimista para as compras de fim de ano e pesquisas indicam que os consumidores pretendem gastar mais na Black Friday de 2021 do que no ano anterior.
Afinal, o que podemos esperar de uma das datas mais aguardadas pelo comércio?
É bem verdade que, em março do ano passado, lá no início da pandemia de Covid-19, todo mundo ficou receoso com as consequências da quarentena para a economia. Os comerciantes se viram obrigados a fechar suas portas por tempo indeterminado e o poder de compra dos brasileiros diminuiu bastante. Todos esses fatores, claro, alteraram drasticamente os hábitos de consumo no Brasil e no mundo, mas, contrariamente ao que se esperava, a Black Friday do ano passado fez com que as vendas por e-commerce disparassem.
Esse ano, com a reabertura do comércio, o avanço significativo da vacinação no país e a previsão de um verão com as taxas de contaminação de Covid-19 mais baixas desde o início da pandemia, o setor varejista tem se mantido ainda mais otimista em relação às vendas na Black Friday.
Mas o que explica o fato de que, mesmo com o cenário econômico instável, as pesquisas sigam otimistas em relação à Black Friday e às compras de Natal?

Hello e-commerce, my old friend
Diversos são os fatores que podem explicar tal fenômeno, mas o principal deles se dá pelo aumento expressivo das compras online. A verdade é que, do ano passado para cá, a maioria dos empreendimentos se adaptaram às novas demandas de mercado e se digitalizaram. Até mesmo os pequenos e médios comerciantes, que tiveram uma maior dificuldade em relação às vendas online no início, migraram para o e-commerce, ampliando o seu escopo de vendas e até conquistando clientes em todo território nacional. Além disso, o shopstreaming ganhou um grande destaque no Brasil durante a pandemia. Muito conhecido no mercado chinês, esse modelo de negócios eleva a experiência do usuário para um outro patamar, aliando o entretenimento das lives repletas de influenciadores com a facilidade de se comprar, simultaneamente, os produtos apresentados ali, na tela.
As pessoas que, inicialmente, sentiam um certo receio em se aventurar pelo universo das compras online, atualmente se tornaram grandes adeptas desse canal. Aliás, em uma pesquisa realizada pelo Google, 57% dos entrevistados disseram que já fizeram mais compras agora do que antes da pandemia. Além disso, a pesquisa também indica uma mudança no comportamento do consumidor, que se tornou menos fiel à marca e mais aberto a experimentar novas lojas. 52% dos entrevistados compraram em uma loja que nunca tinham comprado antes e 29% vão comprar alguma coisa na Black Friday em uma loja nova.

I want it, I got it
Um outro fator que pode explicar as boas projeções de venda para a Black Friday, mesmo em um cenário tão delicado, é o lado emocional. Diferentemente das compras de Natal, a Black Friday apresenta um apelo mais hedonista, onde a frase “eu mereço me dar esse mimo” se vê ainda mais forte. E, convenhamos que, depois de tudo que vem acontecendo, o brasileiro se sente ainda mais impulsionado a presentear a si mesmo, né? De acordo com a pesquisa citada acima, 41% dos entrevistados querem ter a sensação de “eu mereço” na hora de comprar algo nesse período e 57% das pessoas querem ter o prazer de encontrar boas ofertas.
Essa sensação prazerosa de fazer um bom negócio também é percebida no momento em que recebemos a nossa encomenda em casa. A expectativa pela chegada do pacote e o prazer de abrir uma caixinha com o nosso nome escrito para, finalmente, ter em mãos o tão desejado produto se assemelha muito às nossas lembranças de infância, quando recebíamos presentes embrulhados no Natal. Não à toa, vídeos de unboxing são tão populares no Youtube, onde pessoas abrem pacotes para mostrar os produtos que vêm dentro deles. Essa tendência em querer presentear a si mesmo durante a Black Friday também se reflete nos produtos e serviços mais procurados nessa época. A busca por smartphones e devices eletrônicos é muito maior nesse período do que durante o Natal, por exemplo.

Mãos às compras!
Mas afinal, devemos direcionar todo o nosso foco de vendas para o e-commerce? Não exatamente. A jornada de compras mudou e se tornou ainda mais híbrida, mas as pessoas não pretendem deixar de fazer suas compras em pontos de venda físicos. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Google, 62% dos brasileiros planejam confirmar online se um dos produtos que desejam comprar está em estoque antes de ir até a loja para comprá-lo. Além disso, a figura do funcionário ainda está muito atrelada ao conhecimento que ele tem sobre determinados produtos ou serviços. O consumidor, mais do que nunca, sente a necessidade de ter alguém para direcioná-lo e dar todo o suporte necessário no pré e pós-venda, seja de maneira física ou digital. Ou seja, aqueles que têm uma comunicação phygital bem alinhada, saem na frente nessa corrida para ganhar os votos de confiança das pessoas.
E aí, quais são as suas expectativas para a sexta-feira mais aguardada do ano?
Fontes: Think With Google; MindMiners; G1; Mercado & Consumo.
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